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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Criar política ambiental integrada é desafio do governo Dilma, dizem analistas

O grande desafio do próximo governo no setor ambiental é criar uma política integrada, que possa abranger diversas áreas da gestão da presidente eleita Dilma Rousseff, na opinião de especialistas em meio ambiente, economia e relações internacionais ouvidos pela BBC Brasil.

Eles acreditam que a presidente eleita tem de aproveitar que chegou à mesa da área ambiental com mais fichas que outros jogadores - como Estados Unidos, China e União Europeia -, principalmente pelo fato de o Brasil ter conseguido reduzir o desmatamento e ter um crescimento menos dependente de combustíveis fósseis, por exemplo.
Os especialistas, no entanto, alertam para o risco de o país deixar passar essa boa rodada e não avançar para o grupo de nações que “se deram conta que questões ambientais não são um estorvo e que sustentabilidade não é apenas um termo bonito para se colocar em anúncios”.
A descrição é do professor do Instituto de Biologia da Unicamp, Thomas Lewinsohn, para quem a prioridade zero do novo governo deveria ser integrar efetivamente todas as suas ações ambientais e criar uma política que esteja presente em todo o planejamento. Para ele, entrariam nessa política não apenas os ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura, mas também outros setores como Ciência e Tecnologia, Minas e Energia e Desenvolvimento.“Esse é um grande desafio porque isso não ocorreu nos dois governos de Lula, onde o que havia eram posturas antagônicas dentro da mesma gestão”, afirma Lewinsohn, que também é presidente da Associação Brasileira de Ciência Ecológica e Conservação. Para o professor da Unicamp, é preciso superar essas divisões. “Se não, fica como ocorre hoje, com um lado propondo e o outro bloqueando.”

‘Trunfo’
Para o professor da Faculdade de Economia da USP e coordenador do Núcleo de Economia Socioambiental (Nesa), Ricardo Abramovay, o Brasil tem um grande trunfo nas mãos. “Estamos em uma posição privilegiada se compararmos com a China, União Europeia, e Estados Unidos, porque não dependemos tanto dos combustíveis fósseis”, diz.
Segundo o professor, isso significa que as mudanças climáticas não representam um fator de estrangulamento no desenvolvimento do país. Abramovay afirma que se a China, por exemplo, tivesse de reduzir suas emissões de gases que provocam o efeito estufa, o impacto seria muito maior do que se o Brasil precisasse fazer o mesmo.
No entanto, o professor lembra que a principal questão é saber aproveitar essa vantagem. Para ele, o país vem explorando de modo pouco inteligente seu potencial. “O uso sustentável da biodiversidade nunca esteve na pauta do governo, não se incentivou a criação de cadeias produtivas, não se discute para valer o desmatamento zero.”

Fonte: BBC - Brasil

Por: Edson de Aquino

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